Entrevista Diego Carmona

Sócio de uma empresa de tecnologia, paranaense defende que é preciso aprender a ter visão de futuro e gerar soluções diferenciadas, baseadas nas necessidades da clientela, para ter sucesso nos negócios. Autor de um livro sobre o assunto, ele acumula quase duas décadas de experiência empreendedora

Cientista da computação pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/PR), Diego Carmona, 37 anos, é cofundador da Leadlovers, empresa de marketing digital localizada em Curitiba (PR), que também é a cidade natal dele. A instituição tem 45 funcionários e milhares de clientes atendidos. O paranaense começou a empreender aos 17 anos, quando abriu uma prestadora de serviços de desenvolvimento de sistemas. Com o tempo, ele ganhou como sócio Fábio Verschoor, também cientista da computação. Juntos, os dois tiveram ideias para várias statups e a principal se tornou a Leadlovers, aberta em 2014. Diego mora em Miami, nos Estados Unidos, para cumprir o objetivo de internacionalizar a empresa. Em agosto de 2017, o empreendedor lançou o livro Visionários: desenvolva um novo olhar sobre seu negócio, inove e se destaque no mercado. Nas páginas, o empreendedor reúne dicas para quem deseja ter sucesso no mundo dos negócios e destaca a importância de pensar no futuro, ou seja, ser visionário ao lidar com a organização.

O que é preciso para se tornar um visionário?
É necessário ficar atento às tendências do seu segmento de trabalho e ao que os consumidores querem, além de não ter a mente fechada para oportunidades de negócios. Também é importante delegar funções, principalmente operacionais, para que você tenha tempo de traçar estratégias e para alcançar seus objetivos. Não trabalhe nas caldeiras do seu navio, seja o capitão.

Segundo o GEM (Global Entrepreneurship Monitor, estudo global de empreendedorismo, em tradução livre), 58,3% dos brasileiros empreenderam por confiarem nas próprias habilidades. Isso basta para ser bem-sucedido no mundo empresarial?
Ter técnica é importante, mas não essencial. Quando você se torna empreendedor ou assume uma posição de gestão, precisa alinhar as competências táticas com o relacionamento interpessoal. É necessário mudar a mentalidade de funcionário, que muitos ainda têm por causa de anos no mercado de trabalho, e começar a pensar em pessoas e no que elas precisam. A combinação entre as habilidades técnicas, comportamentais e de gestão farão toda a diferença. A parte técnica não é suficiente para levar uma firma à frente.

Seu cargo é o de CVO (chief visionary officer ; chefe visionário da empresa, em
português). Na prática, quais são as atividades e os diferenciais dessa função?

Donos de grandes organizações sabem que a inovação é o caminho para sobreviver no mercado. Quem não melhora acaba fechando as portas. O CVO será o responsável por procurar possibilidades que ninguém havia pensado antes. É uma figura que representa a visão da corporação, buscando sempre novas e melhores maneiras de alcançar os objetivos do negócio e, principalmente, de atender as pessoas. O CVO também tem funções executivas, mas precisa prestar atenção ao futuro e às possibilidades. Criei este cargo para mim na Leadlovers com a missão de desbravar os rumos do negócio, entendendo a capacidade e o estágio atual da firma.

Que tipo de lições startups podem ensinar a negócios tradicionais?
Essas empresas nascentes, normalmente de base tecnológica e com possibilidade de crescimento escalonado, têm foco em inovar, fazer mais com menos e, principalmente, criar soluções baseadas nas necessidades dos clientes. Ter a experiência de aprender a partir de erros é essencial para melhorar e inovar. Há eventos nacionais e internacionais que ensinam isso; é o caso de Startup Weekend e Startup Pirates.

Qual o papel da inovação para se diferenciar da concorrência?
Gerar soluções diferenciadas é possível para empreendimentos de qualquer tamanho?
Inovar é pensar em possibilidades viáveis que outros ainda não consideraram. Envolve olhar para o mercado e para os consumidores, identificar a necessidade do momento e criar soluções para poder ajudá-los a superar dificuldades. E, sim, é possível inovar em todo tipo de negócio. Pegue como exemplo o caso da Netflix, que, em 1997, tinha um serviço on-line de locação de filmes e foi capaz de enxergar um segmento condenado antes de todo mundo e partiu, em 2007, para algo que ainda era tendência na época: o streaming.

Por fim, quais dicas você pode dar para quem pretende empreender?
É importante parar de achar que inovar não é para você. Todo mundo pode ser visionário. A pessoa precisa passar a ouvir mais o mercado, estudar marketing digital e o modelo startup. Deve também gerar engajamento perante o público-alvo, relacionar-se com essa audiência e gerar soluções para os problemas dela. Ame o cliente, que o amor será correspondido.

Link para entrevista completa: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/eu-estudante/trabalho-e-formacao/2018/01/21/interna-trabalhoeformacao-2019,654680/entrevista-diego-carmona.shtml

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